terça-feira, 24 de maio de 2016

Hellbolha Review: Preacher, Episódio 01




Para todo fã de quadrinhos só existe uma verdade absoluta quando se trata de adaptações para o cinema ou TV: Entregue nas mãos de quem entende que vai dar tudo certo!
Bem, esse NÃO É O CASO com Preacher (e não tem sido o caso com muitas outras adaptações). 



A Série estreou dia no último dia 22 pelo canal AMC, mesmo de The Walking Dead,com direção e produção de Seth Rogen (em conjunto com outro cujo nome não lembro e nem ligo nesse exato momento), declaradamente fã da obra de Garth Ennis e Steven Dillon. Acontece que o episódio passou de uma adaptação para quase que uma DETURPAÇÃO da história original. Para que você entenda o que eu digo, vou dar um pequeno resumo da primeira edição da HQ.



Em Preacher, somos apresentados a Jesse Custer, um pastor decadente que bebê mais que um chevette e, por causa disso, acaba espalhando segredos de confissão em um bar da pequena cidade de Anvil, no Texas. Acontece que no domingo seguinte, Jesse é obrigado a encarar, agora sóbrio, todos os "fieis" que esculhambou no dia anterior enquanto dá seu sermão dominical. No entanto, durante a celebração nada celebrável, uma entidade celestial chamada "Gênesis" invade a pequena igreja e possui o corpo de Jesse, explodindo todo o lugar no processo e matando todos, exceto o próprio pastor.  


Nesse interim, somos apresentados à Tulipa, o ex-grande amor de Jesse que é uma assassina profissional iniciante e BEM DESAJEITADA, que acaba falhando em uma "missão" e acaba sendo salva pelo misterioso, beberrão e maluco Cassidy, que é, na verdade, um vampiro irlandês.

O bacana do inicio da HQ é que a história é contada em flashbacks enquanto os 3 personagens principais relembram como acabaram se encontrando (no caso de Jesse e Tulipa, se reencontrando) e tudo é explicado de maneira simples, linear e direta.A história tem um ritmo que te prende, apresenta personagens que serão importantes no futuro da série (os anjos responsáveis pela fuga de Gênesis e o Santo dos Assassinos), explica quem é Gênenis e o por que dele ter fugido dos céus, mostra o que Jesse pode fazer com esse poder, mostra o quanto o relacionamento com Tulipa é complicado e misterioso e ainda mostra que o Cara de Cu, um dos personagens mais queridos da HQ, fará de tudo para buscar vingança pelo que aconteceu ao seu pai graças a Jesse Custer. 


Agora, vamos ao que foi visto no piloto da série de TV...


Tudo começa mostrando um tipo de entidade possuindo um pastor na Africa e, em seguida, o explodindo. Após esse acontecimento, relatos de vários lideres religiosos tendo o mesmo destino pelo mundo pipocam na TV. Enquanto isso, somos apresentados a Jesse Custer, um pastor furreca que tenta ser um religioso melhor aparentemente graças a uma promessa feita ao seu pai , que também era pastor (primeira cagada clichezenta da série, já que pai do Jesse NUNCA foi pastor). Ninguém o leva a sério, nem ele mesmo, e nos próximos 60 minutos veremos ele em sua tediosa peregrinação espiritual para tentar buscar significado em sua fé, já vazia.


 Enquanto isso, somos apresentados a um Cassidy que está trabalhando como garçom em um jato particular mas acaba sendo atacado por um grupo de..caçadores de vampiros, acho...o que rende uma cena meio kung-fulesca com um final engraçadinho e que me fez dar uma das únicas 3 risadinhas durante TODO O EPISÓDIO.  



Somos, então, apresentados a Tulipa, a qual luta em um carro contra 3 caras e vence todos com direito a golpe do Mike Tyson sobre o Evander Holyfield. Depois disso, ela invade uma casa onde duas crianças estão sozinhas, convence a molecada a ajudá-la a montar uma bazuca caseira, derruba um helicóptero e se manda deixando inspiração para uma garotinha se tornar uma psicopata.


Ah, e pra terminar, temos um Cara de Cu bonitinho e religioso que tem no pastor Jesse Custer seu único amigo. Agora...por onde eu começo a reclamar...?


Seguinte, Preacher começou com o pé esquerdo pisando em um buraco e torcendo o tornozelo, pra mim! Ao contrário de The Walking Dead, que começou muito próximo aos quadrinhos e foi se afastando ao pouco a ponto de não deixar o fã a HQ desconfortável e até interessado nas mudanças radicais em relação à história original, Preacher já começa dando uma bicuda em qualquer referencia direta à HQ e acaba entregando uma trama arrastada, tediosa e, em muitos momentos, confusa. Digo isso por que assisti com a senhora Hellbolha e, em muitos momentos, ela me perguntava o que estava havendo ou quem era esse ou aquele personagem e eu simplesmente...NÃO SABIA! Afinal, quem é o grupo que está perseguindo o Cassidy e por que? Seria o Graal? E para quem ele ligou que o mandou se livrar dos cartões de crédito? Seria ele um tipo de James Drácula Bond? 

Temos também o romance complicado entre Tulipa e Jesse. Enquanto que nas HQs ela escolheu essa vida após Jesse ir embora sem nem ao menos saber pra onde e por que ele se foi, na série ela sabe EXATAMENTE onde ele está e ainda tenta convence-lo a deixar a vida de pastor para se unir a ela como um assassino profissional. E enquanto nas HQs temos uma Tulipa que erra tiros por estar nervosa demais em SEU PRIMEIRO TRABALHO COMO ASSASSINA PROFISSIONAL, na série temos uma cruza de Rambo com MacGyver de saias, o que tira toda a credibilidade da história. 


Sem falar que a atriz é feinha de doer...e olha que a personagem é originalmente desenhada pelo Steven Dillon, o homem que desenha rostos com carimbo...



O lance do Cara de Cu ter em Jesse um porto seguro também me incomodou pra caramba, já que grande parte da graça está no fato de ele caçar o pastor em busca de "FINFANFA" (*Vingança em Cara de Cunês). Mas isso não impede que o mesmo aconteça na série, inclusive com um peso a mais pelo fato de seu único amigo ser o responsável pela tragédia que acometeu seu pai. Aliás, será que na série o destino do xerife será bizarramente igual...? Ah, vale lembrar que o teste de maquiagem pra série que quase saiu em 1998 era nojentamente fiel a HQ, ao contrário do Jonas Brother com um cu na boca que acabou indo parar nas telinhas... 



Por fim, o saldo final é um episódio de uma hora que parece ter três de tão arrastado. A série acaba não pegando o fã e acaba ainda tirando o interesse do "civil". Os únicos bons momentos são duas piadinhas com o Cassidy e uma no final do episódio quando um cara resolve abrir seu coração para sua mãe. No mais, Seth Rogen pegou a obra original e a transformou numa sombra disforme  e sem ritmo, quem sabe se foi decisão sua ou da AMC, que achou que as mudanças de TWD foram tão positivas que talvez fosse uma boa ideia fazer o mesmo com Preahcer já no ponto de partida. De qualquer modo, irei assistir ao próximo episódio pra ver se engrena mas, em minha opinião, o gosto ruim já ficou...e eles vão precisar melhorar MUITO essa receita para mudar isso.

Nota: 4,0

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